Soneto
de Camões
Amor
é um fogo que arde
sem se ver,
é
ferida que dói, e não se sente;
é
um contentamento descontente,
é
dor que desatina sem doer.
É
um não querer mais que bem querer;
é
um andar solitário entre a gente;
é
nunca contentar se de contente;
é um cuidar que
ganha em se perder.
É
querer estar preso por vontade;
é
servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem
nos mata, lealdade.
Mas
como causar pode seu favor
nos
corações humanos amizade,
se
tão contrário a si é o mesmo Amor?
No que diz respeito a estrutura, o poema tem como esquema de rimas ABBA/ABBA/CDC/DCD, sendo 10 sílabas poéticas.
Apresenta
algumas figuras de linguagens como sinestesia¹,
anáfora², antítese³ e paradoxo*; a conjunção adversativa “mas”
causa uma oposição de pensamento e conflito ideológico; o eu-lírico se
distancia da situação; começa e termina com “Amor”, levando em consideração o
contexto, este pode ser divino.
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