20 de mai. de 2012

Soneto de Camões

Soneto de Camões
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

No que diz respeito a estrutura, o poema tem como esquema de rimas ABBA/ABBA/CDC/DCD, sendo 10 sílabas poéticas.
Apresenta algumas figuras de linguagens como sinestesia¹, anáfora², antítese³ e paradoxo*; a conjunção adversativa “mas” causa uma oposição de pensamento e conflito ideológico; o eu-lírico se distancia da situação; começa e termina com “Amor”, levando em consideração o contexto, este pode ser divino.

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